terça-feira, 10 de maio de 2011

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Depois de 3 anos a Justiça começa a ser feita - Caso Érica de Almeida Marques

Por Gustavo Carvalho e Karina Fernandes


O casal Érica e Breno em uma foto antiga (Foto: Luis Alvarenga/Agência O Globo)

Major fumou cigarro depois de assassinar a ex-mulher

Três anos e quatro meses após cometer um dos crimes mais emblemáticos e cruéis de violência contra a mulher no Estado, o major da Polícia Militar, Breno Perroni Eleutério, 40 anos, sentou no banco dos réus nesta segunda-feira (09/05/2011), às 9h, no Fórum de Niterói. 

Ele foi à júri popular pelo assassinato da ex-mulher, a bancária Érica de Almeida Marques, 33, prima do ator Eri Johnson, executada com 15 tiros de pistola – oito deles no rosto – ao buscar seu filho de um ano na casa do ex-marido, no Barreto, Zona Norte de Niterói. Ela estava separada há um ano do PM e já havia sido ameaçada, agredida e sequestrada pelo ex-companheiro, que não se conformava com o fim do relacionamento. 

O réu foi levado a júri popular na 3ª Vara Criminal de Niterói, no Centro. O julgamento foi comandado pelo juiz Peterson Barroso Simão. A família de Érica, que era prima do ator Eri  Johnson, foi representada pelo promotor Leandro Navega e pelo defensor público Denis Sampaio.

Covardia – O crime ocorreu por volta das 10h do dia 29 de dezembro de 2007. A pedido do próprio Breno, a bancária seguiu para a residência do ex-companheiro, localizada na Rua Galvão, para buscar o filho, com quem passaria o réveillon. Acompanhada da irmã, a comerciante Cláudia Marques, 40, e de seu outro filho, a vítima parou o carro na entrada da rua e seguiu para a casa do policial, onde foi recebida a tiros.

“Quando ouvi os disparos, tive a certeza de que era ele atirando na minha irmã. A esperança era de que todos aqueles tiros tivessem sido para o alto. Fiquei atônita e sem ação durante alguns minutos. Quando consegui seguir com o carro, já encontrei minha irmã morta em frente à casa dele”, recorda a comerciante. 

Cigarro – Segundo testemunhas, ao perceber que Breno estava armado, Érica ainda tentou correr, mas foi atingida nas costas. Caída na calçada, ela teria implorado para não ser morta, mas o ex-marido efetuou outros oito disparos em seu rosto. Após cometer o crime, ele ainda acendeu um cigarro e entrou tranquilamente em casa, onde vestiu sua farda. Em menos de 10 minutos, uma viatura da PM apareceu no local do crime para conduzi-lo à 78ª DP (Fonseca). Ao recebê-lo, os colegas de farda ainda prestaram continência ao major.
“Fiquei indignada quando vi aquela cena. Minha irmã morta daquela forma bárbara e eles ainda preocupados com o ritual”, criticou. 

Prisão – Na delegacia, Breno alegou ter agido em legítima defesa, afirmando que Érica o teria ameaçado de morte para ficar com o bebê. O oficial foi autuado por homicídio duplamente qualificado, com dois agravantes: motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima. De acordo com a assessoria de imprensa da PM, ele permanece no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, onde aguarda decisão das justiças Civil e Militar. 

Ela ficou seis horas sob a mira de uma arma

Segundo familiares, a morte de Érica foi anunciada e premeditada por Breno. Durante os três anos de relacionamento, ela era submetida a agressões físicas e psicológicas pelo companheiro. Sob ameaças de morte, o PM a obrigou a passar a guarda do filho para ele. Com medo, Érica cedeu. O estopim para a bancária denunciá-lo ocorreu após ela ficar durante seis horas sob a mira de uma arma.

“Ele chamou a Érica para conversar sobre o filho e a levou para o Parque da Cidade, onde a colocou de joelhos em uma ribanceira ameaçando matá-la, caso ela não reatasse o casamento. Após seis horas de terror psicológico, ela resolveu voltar”, lembra Cláudia.

No dia seguinte, Érica e a irmã seguiram para a 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), onde denunciaram o major. As agressões também foram registradas na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói.
“Por negligência do Estado, ele não ficou preso administrativamente e não houve qualquer medida protetiva da Justiça para evitar o que ele fez. Nada vai trazer a Érica de volta, mas espero que a justiça seja feita e ele cumpra pelo crime que cometeu”, disse Cláudia.

Após a luta por uma pena rigorosa para o acusado, a irmã da vítima também pretende entrar na justiça para ter o direito de visitar o sobrinho. “Não o vejo há mais de três anos e esta será minha próxima batalha”, encerrou.



Major da PM Breno Perrone Eleutério foi condenado

Julgamento - O major da PM Breno Perrone Eleutério foi condenado, nesta segunda-feira (09/05/2011), a 23 anos de prisão pela morte da ex-mulher Érica de Almeida Marques, de 34 anos, em 29 de dezembro de 2007.

“Depois de tanto tempo, agora acabou a ansiedade”, disse o pai da vítima, José Luiz Marquês.
O sentimento foi corroborado pelo irmão de Érica, que se sentiu aliviado.

“Fiquei muito satisfeito. Senti que a Justiça existe. Nós tínhamos receio da condenação ser modificada, já que a família dele é influente”, completou Jorge Marquês.

Ainda segundo os familiares de Érica, Breno também corre o risco de ser expulso da corporação. 
Após a decisão do júri, a guarda do filho do casal também será discutida, já que hoje a criança não vive com os familiares maternos.

Memorial Gabriela Sou da Paz: Érica Almeida Marques

2 comentários:

  1. Claudia querida,
    Espero de coração que agora vocês consigam ter o seu sobrinho de volta, ou que ao menos possam voltar a ter o contato com ele.
    É inexplicável e inadmissível isso...que além de perderem a sua irmã de forma covarde e premeditada, a sua família ainda foi privada da convivência com o menino.
    Não consigo entender que Justiça é essa!

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  2. DESTA VEZ NÃO HOUVE CORPORATIVISMO
    Um depoimento de um Coronel da PM, sepultou as esperanças deste assassino sair livre do julgamento.
    Um "advogado" de defesa no mínimo, mal educado, assim chamado pelo promotor, tentou de todas as formas desqualificar e desestabilizar o depoimento da irmã de Érica e de uma amiga. As duas se sairam muitíssimo bem sob "toda pressão" de um advogado que o tempo todo usava de subterfúrgios para encobrir sua incapacidade.
    VITÓRIA DA FAMILIA DE ÉRICA. VITÓRIA DA SOCIEDADE E DA JUSTIÇA.
    Santiago - Pai de Gabriela.

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