Vítimas de violência poderão apresentar propostas para mudar Código Penal
Juristas que analisam legislação ouvirão sugestões da sociedade em audiência pública na capital paulista; iniciativa ocorre no próximo dia 24 (sexta-feira), às 14h, no Tribunal de Justiça de São Paulo.
A comissão de 16 juristas que estuda a revisão do Código Penal, instituída pelo Senado desde o final do ano passado, estará em São Paulo para coletar sugestões da população, especialmente das pessoas que foram vítimas de violência. Eles promovem audiência pública no próximo dia 24 (sexta-feira), às 14h, no Tribunal de Justiça de São Paulo.
“Trata-se de uma grande oportunidade para que os movimentos, ONGs e entidades ligadas às vítimas de violência possam externar suas opiniões, de modo a contarmos com uma legislação atualizada aos novos tempos. Afinal, o Código Penal em vigor é de 1940 e ele está defasado em relação à situação de violência que, infelizmente, ainda vivemos no nosso dia a dia. É a possibilidade que a sociedade tem de lutar por justiça, um passo importantíssimo para acabarmos com a impunidade no nosso país”, afirma a deputada federal Keiko Ota (PSB-SP), que acompanha periodicamente as reuniões da comissão.
Coordenadora do movimento União em Defesa das Vítimas de Violência (UDVV), ela é mãe de Ives Ota, que foi brutalmente assassinado aos oito anos. A entidade está responsável por mobilizar os movimentos, ONGs e instituições para a audiência pública. Em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, Keiko Ota preside a Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas de Violência. Devido aos trabalhos desenvolvidos pela Frente, a deputada federal foi convidada a participar dos encontros com os juristas que analisam a reforma do Código Penal.
As contribuições trazidas pela sociedade servirão para auxiliar na elaboração das mudanças à legislação penal. A comissão tem até maio deste ano para apresentar anteprojeto relacionado ao tema. “Daí, insisto, a necessidade das pessoas, familiares e movimentos em defesa da paz comparecerem à audiência pública para apresentarem suas sugestões. É uma ocasião única de aperfeiçoarmos o Código Penal para que tenhamos, de fato, justiça para todos, principalmente para aqueles que foram vítimas de violência”, explica Keiko Ota.
Uma das propostas defendidas pela deputada federal, e que está em discussão pelos juristas, é o aumento da pena máxima de 30 para 40 anos. “Esta é uma das demandas da sociedade em meio a uma série de distorções que precisam ser corrigidas. A progressividade, hoje, prevê que ao cumprir 2/5 da pena, o preso automaticamente pode ser libertado. Ou seja, independentemente do tipo de violência cometida, o apenado fica preso por, no máximo, 12 anos” diz.
Segundo ela, outra questão que merece atenção é a necessidade de estabelecer critérios mais rigorosos para a concessão de benefícios como o indulto de Natal, a saída temporária da prisão e até mesmo a liberdade condicional. Para tanto, a parlamentar propõe a volta do exame criminológico, o que seria uma forma de se dispor de um diagnóstico efetivo do preso que demonstre se ele reúne condições seguras para usufruir desses direitos. Dessa maneira, a sociedade estará protegida de eventuais criminosos que não tenham comportamento compatível à obtenção desses benefícios.
“Somente com a mobilização e o apoio maciço da sociedade é que conseguiremos garantir justiça a quem realmente precisa de justiça. É importante que se diga que nós, vítimas de violência, não queremos vingança pelo ocorrido conosco. O que queremos é, isso sim, direitos humanos que sirvam para todos. Essa é a nossa luta, esse é o nosso objetivo”, aponta a deputada federal Keiko Ota.
SERVIÇO
Audiência pública sobre revisão do Código Penal
Dia 24 de fevereiro (sexta-feira), às 14 horas
Concentração a partir das 12 horas
Tribunal de Justiça de São Paulo
Palácio da Justiça – Praça da Sé, s/n
Informações: www.udvv.com.br / udvv@udvv.com.br
Informações para a imprensa:
Jamir Kinoshita – (11) 9905 1396
Alex Tseng – (11) 9938 5480
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